O debate se deu à luz dos contos da escritora Charlotte Perkins Gilman.

Na última sexta-feira de março (25), ocorreu mais uma edição do já tradicionalíssimo Clube de Leitura do SINESP. Em prosseguimento à celebração e às reflexões acerca do Dia Internacional da Mulher – algo que, claro, vai para muito além de um único mês do ano – o evento foi marcado pela discussão de alguns contos da escritora estadunidense Charlotte Perkins Gilman (1860-1935).

Ao todo, sete contos da autora, publicados entre 1891 e 1914, foram tema do debate: “A Glicínia Gigante (1891), “O Papel de Parede Amarelo” (1892), “A Cadeira de Balanço” (1893), A Porta não Vigiada” (1894), “Quando Fui uma Bruxa” (1910), “Água Antiga” (1911) e “Se eu Fosse um Homem” (1914).

Pioneira do movimento feminista, em cada um desses contos Gilman explora, por meio de metáforas que transitam entre o gênero do terror e da literatura fantástica, questões como a condição social da mulher, as opressões por elas sofridas, a importância da emancipação feminina e outras afins. Como bem observou a filiada Neuza Carvalho, “Tivemos uma sexta-feira de muita reflexão sobre a história dos direitos sociais das mulheres e a evidência da necessidade de maior canalização de forças para a emancipação da mulher e o reconhecimento de seu valor”. Ainda segundo ela, “o livro leva a ampliar a visão crítica à forma como as mulheres eram tratadas pela sociedade em geral e, infelizmente, muitas delas ainda hoje são obrigadas a atender a imposições de padrões”.

De início, uma rápida enquete revelou o conto preferido de quem participou do evento, cerca de 30 pessoas. “O Papel de Parede Amarelo” foi o mais votado, texto que, não por acaso, é tido como o principal conto da autora. E foi em torno dele que a apresentação de leituras e as propostas de interpretação mais se detiveram. Como introdução e abertura da interlocução, o Prof. Marcos Maurício chamou a atenção para as variações de foco narrativo dos contos, ressaltando algumas peculiaridades das escolhas formais de Gilman. Em especial, o conto “Quando Fui uma Bruxa”, narrado em primeira pessoa, recebeu atenção especial do professor e provocou uma engajada discussão inicial a respeito da interpretação dos acontecimentos narrados.

À medida que a palavra ia sendo passada e os diversos contos da coletânea selecionada iam sendo pincelados, destaques sempre pertinentes começaram a compor uma rica trama de olhares sobre o conjunto dos textos. Segundo Fátima Roque, essa pluralidade de perspectivas é algo que enriquece muito a experiência da leitura: “É muito bom ouvir as diversas opiniões, as análises mais profundas, os debates que geram, e principalmente a mediação dos professores, a qual nos leva a ver o que passou despercebido na hora da leitura”.

Assim, mais uma vez o Clube de Leitura parece ter cumprido sua missão de colocar em destaque a importância e o prazer da leitura, ainda mais quando esse exercício pode ser feito coletivamente, agregando pontos de vista vindos das vivências e dos conhecimentos de cada participante – da história à psicologia, das artes à educação, etc. “É na discussão que ampliamos e aprofundamos nosso conhecimento. E, nesse mês especial, foi gratificante ver a luta e o avanço da mulher para ocupar o seu lugar através desse livro”, sentenciou Fátima Roque. Neuza, por sua vez, participante frequente do evento, relatou que “Foi uma tarde maravilhosa e alegre conduzida pelos nossos queridos professores Jean e Marcos, que proporcionaram trocas de experiências entre os participantes e enriqueceram o debate com exposições claras, objetivas e significativas”.

Ler sempre é uma viagem. E em boa companhia ela é ainda mais reveladora de belas paragens.

Esperamos a todos nas próximas discussões!

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