Os professores Marcos Mauricio e Jean Siqueira surpreenderam filiadas e Dirigentes Sindicais do SINESP na edição do Música em Debate que aconteceu no dia 3 de junho. Com temas normalmente guardados a sete chaves, exceção feita aos eventos de datas especiais, o projeto do CFCL-SINESP passeou pelas edições anteriores com uma retrospectiva embalada por sons da melhor qualidade.

Música viaja por décadas e estilos variados

“Preparem o seu coração, pras coisas que eu vou contar”. Foi assim que começou o Música em Debate. Disparada, de Geraldo Vandré e Theo de Barros, composta em 1966 para o segundo Festival da Música Brasileira, e interpretada por Jair Rodrigues, foi a canção escolhida por Maria Lúcia José para o tradicional quadro do evento A música é sua. Malu, como é conhecida, causou emoção ao explicar a importância desta canção em sua infância e em sua trajetória. História de vida e música se uniram em palavras comoventes, que ressoaram nos ouvidos atentos das quase trinta filiadas presentes ao debate. 

 

Esse foi o 18º encontro virtual do Música em Debate, que começou em junho de 2020 com a ideia de discutir letras, histórias e características de músicas de gêneros, ritmos e lugares variados. As edições são, em geral, temáticas. O tema de junho foi uma homenagem ao próprio evento. Os debatedores Jean Siqueira e Marcos Maurício fizeram uma retrospectiva de todas as edições, trazendo de volta emoções compartilhadas nestes dois anos. Mas não ficou só nisso, novas canções também foram apreciadas. A cada tema recordado uma nova canção era apresentada e discutida.

Primeira edição teve homenagem a artista levado pela Covid-19

O primeiro Música em Debate deveria ter acontecido em março de 2020, mas a pandemia impediu os eventos presenciais. Só alguns meses depois, em junho, foi possível fazer, de maneira remota, o primeiro encontro. Neste evento, foram lembradas histórias e músicas com letras de Aldir Blanc, compositor, escritor, cronista e médico que havia morrido em decorrência da COVID um mês antes. Aldir Blanc tem uma lista imensa de composições, muitas delas famosas nas vozes de cantoras e cantores renomados da música brasileira. Desta vez ouvimos Um Por Todos, na voz da impressionante Elis Regina.

Em outubro de 2020, o tema foi o grupo folclórico latino-americano Raíces de América. Nessa edição ouvimos Ofício de Cantor, o que levou o grupo a refletir sobre a importância dos artistas, da arte e da música na vida de muitos de nós.

O último encontro de 2020 – e primeiro de 2021 – teve como tema A MPB do Século XXI. Os debatedores queriam mostrar que frases como “Hoje não tem música boa” e “Música boa era só a música de antigamente” não são verdadeiras. Dessa forma, foram apresentadas canções de bandas, cantoras e cantores que gravaram a primeira música a partir de 2001. Na época, uma das músicas que mais motivaram a discussão foi Triste, Louca ou Má, da banda Francisco, el Hombre. Nessa edição, outra canção retirada do trabalho mais recente do foi compartilhada, Se Não Fosse Por Ontem, com uma letra sobre a importância de entender o passado e viver o presente.

Cantora exalta Dia da Mulher e professores celebram mães com canções em vários idiomas

Seguindo as lembranças de 2021, em março daquele ano aconteceu o Especial Dia da Mulher, com uma convidada muito especial: Anamara Ribeiro, filiada do SINESP e cantora profissional.

 Em abril, a temática foi Poesia Musicada, sobre poemas que viraram músicas – edição em que ouvimos Canção Amiga, poema de Carlos Drummond de Andrade musicado por Milton Nascimento. Um deslumbre!

O Especial Dia das Mães, de maio de 2021, foi um encontro de idiomas e culturas. Os professores Roger de Oliveira (de inglês), Marcos Maurício (de espanhol), Valéria Beneducci (de italiano) e Verônica de Angelis (então professora de francês) do CFCL – SINESP trouxeram, cada um, uma música cantada na respectiva língua ministrada em seus cursos para partilha e discussão.

Em junho de 2021, o tema do encontro foi Grandes Apresentações. Para relembrar a temática e conhecer novas “grandes apresentações”, os professores mediadores apresentaram às filiadas uma versão da música Shallow, de Lady Gaga, cantada pela holandesa Floor Jansen. Lágrimas chegaram a rolar enquanto essa preciosidade era vista e ouvida.

No mês seguinte, a temática escolhida foi Músicas de Protesto. Tema inspirado, segundo os debatedores, em duas apresentações do A música é Sua que analisavam canções de protesto no Brasil e em outras partes do mundo. Não Vai Ter Golpe!, cantada por Beth Carvalho, lançada em 2016, foi a canção de protesto escutada dessa vez. Ânimo para seguir lutando, desânimo pelo que poderia ter sido e não foi: essas foram algumas das sensações que a lembrança do último golpe de estado vivido em nosso país trouxe à tona.

O mês de setembro teve como tema Músicas de Esperança e Superação.  Rememorando essa temática, mais uma vez a cantora escolhida foi Floor Jansen. Em outra apresentação espetacular, ela interpretou a canção Winner, de autoria de seu compatriota Tim Akkerman, uma música feita para seu irmão que ficou paraplégico em decorrência de um acidente. Floor, com certeza, fez muitos pelos se arrepiarem novamente.

O Música em Debate de outubro trouxe o tema Músicas de Cinema. Na edição sobre os dois anos do evento, a canção escolhida foi Preciso me Encontrar, de Cartola, na versão de Liniker e Ilú Oba de Min, presente na trilha da série 3%, produzida pela Netflix.

Tentativa de apagamento da importância negra na música foi tema de debate

Novembro é o mês dedicado às lutas e discussões sobre a Consciência Negra. O Música em Debate trouxe a temática Isso é Coisa de Preto!. Nesse dia, o evento teve a honra de receber o renomado músico Allan Abbadia, trombonista, arranjador e compositor. Na ocasião, Abbadia deu uma aula sobre os ritmos do samba e do choro, ajudando os presentes a conhecerem um pouco mais as diferenças rítmicas desses gêneros. Além disso, os mediadores apresentaram rock, MPB, pop, rap para mostrar como há, por um lado, a tentativa de apagamento da história negra e, por outro, uma luta dos negros para que sua história seja reconhecida. Um dos lugares de quase total apagamento da negritude é a música de orquestra, a música conhecida como erudita. Assim, foi apresentada a música instrumental The Rain Must Fall, do maestro grego Yanni, que tem entre os músicos de sua banda artistas de várias partes do mundo. Os presentes ao debate viram e ouviram a violinista negra Karen Briggs “destruindo tudo”, como disse Jean Siqueira, em seu comentário sobre a apresentação. Música erudita também “é coisa de preto”!    

 

Terminando 2021, tivemos a realização de uma grande edição de A Música é Nossa. Na ocasião, cada participante selecionou sua “Música de Amor” e o resultado disso foi uma tarde/noite de muitas emoções, histórias e carinhos.

O primeiro Música em Debate de 2022 foi, novamente, uma aproximação entre os clubes de música e cinema. Clipes Que Poderiam Ser Filmes apresentou vídeos que se encaixariam, perfeitamente, na categoria de pequenos filmes, quase curta-metragens. O clipe escolhido para debate foi Coincidir, do grupo espanhol Macaco, com sua linda história de encontros e desencontros entre um casal de pessoas cegas.

Em março, mais uma vez, aconteceu o Especial Dia da Mulher e, como no ano anterior, uma cantora veio compartilhar sua arte com o grupo. Hosana Santos, com sua voz e violão, encheu o coração dos participantes com sua simpatia e belas análises das músicas tocadas.

Globalização e homenagem emocionante às mães foram últimos destaques

O mês de abril chegou e com ele o tema da Globalização Musical, trazendo misturas de idiomas, expressões musicais, canções falando de muitos lugares e em muitos espaços diferentes. Para complementar tudo o que foi visto naquele dia, foi apresentado o clipe do cantor porto-riquenho Residente, com seu recém-lançado clipe This is Not America, uma duríssima crítica à colonização da América por europeus e estadunidenses.

Em maio de 2022 houve outra edição de A Música é Nossa, dessa vez com a temática das mães: Músicas de Mães, Para Mães, Com as Mães. E, claro, lágrimas, histórias, risos e muita música boa, de ontem e de hoje.

Estes foram os primeiros dezessete encontros. No 18º houve essa retrospectiva.

A promessa é que muito mais virá pela frente, sempre com boa música.

Participem!

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