Na sexta-feira, 10 de fevereiro, o Cine Debate do CFCL-SINESP se reuniu pela primeira vez em 2023. Em pauta, um bate-papo sobre o longa Pinóquio, adaptação assinada pelo cineasta mexicano Guillermo del Toro.

Pinoquio Um

Animação em stop motion vai na contramão da produção dos grandes estúdios

Responsável por obras como O labirinto de Fauno, A Batalha do Pacífico, A forma da água e O beco do pesadelo, del Toro se lançou no desafio de adaptar a obra As aventuras de Pinóquio, publicada pelo italiano Carlo Collodi em 1883. O Pinóquio de del Toro pertence a uma trilogia, de que fazem parte, também, os longas A espinha do diabo e O labirinto do fauno,  filmes que abordam o contexto do fascismo europeu.

Pinoquio Dois

Guillermo delToro escolheu a animação em stop motion para sua versão de Pinóquio. Essa técnica, pouco comum nas animações produzidas pelos grandes estúdios hoje em dia, consiste em organizar sequências fotográficas distintas de um mesmo objeto, simulando movimento. É uma técnica trabalhosa e Pinóquio levou mais de dez anos para ser finalizado, em virtude de sua riqueza de detalhes.

Um Pinóquio que se distancia do Pinóquio original

O cineasta mexicano se afasta, de maneira significativa, de outras versões de Pinóquio. Nessa adaptação ele não transforma o boneco de madeira em menino de carne e ossos, por exemplo. Além disso, explora um contexto histórico e político que inexiste na obra original e em outras adaptações.

Pinoquio

O Pinóquio de del Toro traz, em sua mensagem central, a contestação da ideia de obediência, especificamente quando ela se apresenta como uma submissão não justificada. Essa abordagem, de certa maneira, subverte o espírito do texto original e de suas principais versões, que trazem a mensagem moral de que o comportamento submisso e obediente é essencial para uma criança, podendo inclusive levar a premiações, como por exemplo um boneco de madeira se tornar um menino “de verdade”.

Nessa versão do cineasta mexicano, o fato de Pinóquio permanecer um boneco de madeira pode sugerir que a desobediência aos poderes opressores faz dele alguém singular, diferente dos demais. No contexto político explorado pelo filme, isso sugere a importância de não abrir mão da individualidade em favor de um pensamento único – o famoso “feixe” de iguais, o “fasces”, símbolo do fascismo.

Com base em todo o contexto exposto por del Toro, também é possível acessar um viés delicado e sensível do longa, representado pela imagem da pinha que, explorada de maneiras distintas no início e no fim do filme, remete à esperança em um futuro menos sombrio.

Pinoquio Sete

E aí, gostou da análise do Cine Debate de fevereiro? Em breve tem mais! #JunteSeAoCFCL no próximo Cine Debate  e tenha uma tarde agradável batendo papo sobre grandes títulos do cinema mundial.

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