Clube de Leitura

O CFCL-SINESP realizou, no dia 26 de maio, mais uma edição do Clube de Leitura. Os professores Marcos Mauricio e Jean Siqueira se reuniram com os filiados pela plataforma Zoom para a análise do livro Se deus me chamar não vou, obra da paulistana Mariana Salomão Carrara, mais uma representante da nova safra de escritores brasileiros a ter um trabalho escolhido como objeto de estudo pelo Clube.  

Mariana Salomão Carrara é autora de uma coletânea de contos e de cinco romances. Se deus me chamar não vou é o terceiro deles e foi lançado em 2019.  

Narrado por Maria Carmem, uma menina de 11 anos de idade, o romance expõe ao leitor as reflexões da menina ao longo de pouco mais de um ano, período em que ela registra seu cotidiano em um livro – produção incitada por uma professora que a considera uma escritora promissora.

Maria Carmem possui inteligência incomum para sua faixa etária e tem uma aparência física grande e corpulenta. Essas características levam a menina ao isolamento ao fazerem com que ela se torne alvo de bullying recorrente entre os colegas de escola.

Em casa, os pais da garota enfrentam dificuldades financeiras ao lidarem com um comércio de produtos médicos para a terceira idade, herdado da avó de Maria Carmem. Contudo, o contato que a menina estabelece por e-mail com Leonardo Delgado, um especialista no comércio desses produtos, modifica a rotina da casa e amplia seu sentimento de solidão e isolamento.

Se deus me chamar 3

O texto apresenta, de maneira muito verossímil, o encadeamento de pensamentos de uma criança como Maria Carmem, com associações de ideias às vezes aleatórias e desordenadas, permeadas pela sensibilidade e pela inocência características da pouca idade, ao mesmo tempo em que permite que a riqueza e a perspicácia das considerações da menina sobre o mundo à sua volta ganhem vazão.

Ao longo do texto é possível acompanhar o amadurecimento do processo de escrita de Maria Carmem, na medida em que a garota reflete sobre ele. Nesse movimento, a obra de Mariana Salomão Carrara cria uma interessante metanarrativa em que é possível acompanhar um livro dentro de um livro, um processo de escrita dentro de um processo de escrita.

Muitos outros temas importantes são explorados nas páginas de Se Deus me chamar não vou, como o enfrentamento à finitude e a consciência da morte, o processo de amadurecimento para as demandas da vida adulta, o medo do futuro, a natureza do amor, a diversidade dos arranjos familiares, as relações entre pais e filhos, a importância das palavras e da arte para a expressão.

Por esse trabalho, Mariana Salomão Carrara foi finalista do Prêmio Jabuti na categoria de romance literário. Trata-se de uma obra sensível, que permite viagens no tempo dada a facilidade de identificação e empatia por sua narradora. Um livro de fácil leitura, mas capaz de render discussões complexas sobre temas profundos como as que ocorreram Clube de Leitura.

Fique atento à próxima edição do Clube de Leitura e #JunteSeAoCFCL nessa prazerosa atividade que é a literatura.

Mariana Salomão Carrara

A paulistana Mariana Salomão Carrara nasceu em 1986 e é Defensora Pública. Além de Se deus me chamar não vou (2019), é autora do livro de contos Dedicada uma de nós (2015) e dos romances Idílico (2007), Fadas e copos no canto da casa (2017), É sempre a hora da nossa morte amém (2021) e Não fossem as sílabas do sábado (2022).

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