No Clube de Leitura realizado no dia 16 de agosto pelo CFCL Benê do SINESP, os participantes se reuniram pela plataforma Zoom para debater a obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos. O foco principal da discussão foi a representação da vida na seca do nordeste brasileiro e a linguagem singular utilizada pelo autor na escrita de sua obra.
Graciliano Ramos (1892-1953) é um dos mais importantes escritores brasileiros, conhecido por sua habilidade em retratar a realidade social do Nordeste do Brasil. Nascido em Quebrangulo, Alagoas, Ramos viveu em diversas cidades nordestinas, experiência que influenciou profundamente sua obra. Foi, inclusive, prefeito da cidade de Palmeiras dos índios de 1928 a 1930, quando deixou a prefeitura e mudou-se para Maceió, para assumir a direção da Imprensa Oficial e da Instrução Pública do Estado.
Além de "Vidas Secas", algumas de suas obras mais notáveis incluem "São Bernardo", "Angústia" e "Memórias do Cárcere", cada uma explorando aspectos da condição humana e da sociedade brasileira.
"Vidas Secas", publicado em 1938, é um romance que narra a luta de uma família de retirantes em busca de sobrevivência em meio à seca implacável. A narrativa segue Fabiano, sua esposa Sinhá Vitória, seus dois filhos e a cadela Baleia, enquanto vagam pelo sertão em busca de melhores condições de vida. Durante o debate, destacou-se o uso da linguagem utilizada por Ramos no livro e analisou-se o uso do estilo indireto livre.
O estilo indireto livre de Ramos confere à narrativa uma profundidade emocional única, permitindo que o leitor entre na mente dos personagens e compreenda suas angústias e esperanças.
A comparação com o filme "Vidas Secas", dirigido por Nelson Pereira dos Santos em 1963, enriqueceu o debate, trazendo à tona as diferenças e semelhanças na representação das dificuldades enfrentadas pela família. O filme, um marco do Cinema Novo, mantém-se fiel ao espírito do livro, utilizando uma estética sóbria e realista para capturar a aridez do sertão e a luta pela sobrevivência de maneira visceral.
As discussões no clube de leitura ressaltaram a relevância contínua de "Vidas Secas" como uma obra que transcende o tempo, abordando temas universais como a luta pela dignidade e a injustiça social. Tanto o livro quanto o filme oferecem uma visão profunda e comovente da realidade nordestina, convidando os leitores e espectadores a refletirem sobre as questões sociais que persistem até os dias de hoje.