A situação política e os ataques persistentes dos governos aos direitos dos trabalhadores exigem iniciativas das direções sindicais que levem a mobilizações e lutas unitárias!
Artigo de João Guilherme Vargas Netto, Assessor Sindical do SINESP
Embora a maioria dos analistas venha falando em militarização do governo, com cerco a Bolsonaro, acredito que as iniciativas dele visam a dar mais funcionalidade a seu governo, inclusive na relação com o Congresso e às futuras eleições.
Na geringonça governamental houve um aperto de parafusos na engrenagem para diminuir os solavancos, o que não quer dizer nem mais militarização, nem mais repressão (o que não tem ocorrido na greve dos petroleiros).
A única jornalista política que explicitou esta análise foi Maria Cristina Fernandes, do Valor, ao associar a dança funcional dos militares ao entronizamento de Rogério Marinho para conduzir as políticas sociais do governo.
Bolsonaro pretende, com o voo de galinha em curso, operar até outubro para obter nas eleições municipais resultados vantajosos a ele, independentemente de tal ou qual partido político de que estimule, apoie ou faça campanha de tal ou qual candidato.
Quanto à sua relação com os dirigentes do movimento sindical persiste a linha “Johnnie Walker com Activia”, ou seja, de profundo desprezo (Bolsonaro nem respondeu à carta enviada a ele pela FNP).
Este desprezo é também a resposta às últimas iniciativas das direções sindicais que se revelaram muito fracas, ainda que unitárias, seja no dia 4 (manifestação na Fiesp), seja no dia 14 (manifestações nos postos do INSS).
O fantasma do GAET (Grupo Assumido de Entraves Trabalhistas) se desvaneceu com o abandono desta tarefa por Rogério Marinho e com o anúncio, em voz baixa, do término dos trabalhos dos quatro grupos da equipe responsável pelas formulações, que nem foi escutado.
Enquanto isso a greve dos petroleiros, conduzida pela FUP e pela FNP, se mantém, sustentada por pelo menos um terço dos empregados da empresa e de suas subsidiárias, sem que a produção ainda tenha sido afetada (devido à continuidade do trabalho exaustivo de turmas que não se revezam, de fura greves e de contratados para a emergência) e sem que tenha havido, até hoje, repressão direta. Um fato complicador foi a decretação de abusividade e multa pelo TST, que exigirá ainda mais unidade e força na greve!