●13 de maio é o Dia Nacional de Luta Contra o Racismo!

●O fato é que, em 2020, uma triste realidade de desigualdade se revela dramaticamente nas estatísticas de contágio e mortes pela Covid 19!

O Brasil tem cinco séculos de história, em três dos quais a população negra foi escravizada. Uma das heranças mais danosas dessa ferida histórica é a desigualdade social no país, que coloca mais pessoas negras que brancas em situação de pobreza e a vulnerabilidade.

Na crise sanitária gerada pela pandemia de coronavírus, essa desigualdade que estrutura a vida da maioria dos brasileiros se revela como fator decisivo para a exposição, o contágio e a morte pela doença provocada pelo vírus, a Covid 19, inclusive porque o esforço para aderir ao isolamento é mediado por ela.

Herança nefasta

De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 67% dos brasileiros que dependem exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) são negros, e estes também são maioria dos pacientes com diabetes, tuberculose, hipertensão e doenças renais crônicas no país – todos considerados agravantes para o desenvolvimento de quadros mais gravosos da Covid-19.

Boa parte dessas comorbidades é ligada a questões sociais, como a falta de saneamento básico, e agravada pelas desigualdades raciais, como condições precárias de moradia, que favorecem doenças como a tuberculose, ou alimentação inadequada, que promove doenças como diabetes e hipertensão arterial.

As condições socioeconômicas geram maior vulnerabilidade em saúde, que vai pesar muito durante a pandemia e já está se expressando nas estatísticas. Os dados iniciais de contágio e morte refletem a primeira onda de contaminados pelo novo coronavírus, que atingiu pessoas de alto poder aquisitivo, que viajaram para fora do país e voltaram com o vírus. São pessoas majoritariamente brancas e que tiveram acesso aos testes e a serviços hospitalares.

Mas à medida em que o vírus avança pelas periferias das grandes cidades, a realidade muda rapidamente, embora seja inadequadamente registrada devido à ausência de testes em massa para a população mais pobre. Inúmeros estudos sérios mostram que os números oficiais estão muito abaixo do real.

Na população mais empobrecida e trabalhadora, que abriga a maioria da população negra, estará a maior parte das vítimas nessa pandemia. São os brasileiros que vivem em favelas, muitas vezes não tem água potável, expostos à aglomeração em seus locais de moradia e em trens, ônibus e metrô e longe do acesso a assistência médica de qualidade.

Juntos por justiça social

O atual estágio de reorganização econômica das forças produtivas, conhecida como neoliberalismo, acirra a exploração sobre os trabalhadores. É também é uma forma de sociabilidade, que induz ao individualismo e a estados mentais e emocionais caóticos, que favorecem a violência, a irracionalidade, a falta de união que é incentivada atualmente no Brasil!

Mas a atual crise tem legado formas diferentes de se relacionar socialmente, com o cuidado, a solidariedade e a coletividade sendo tomados como valores mais centrais. É disso que a humanidade precisa e é imprescindível que o questionamento à ordem econômica global que gera o individualismo e a injustiça seja parte dessa possível mudança nas formas de cuidar de si e dos outros.

Essa é a tomada de consciência e a atitude para as quais a Diretoria do SINESP chama a atenção e conta com o apoio e a participação de todos nesta reflexão e discussão, como forma de combater a desigualdade que favorece poucos e prejudica a maioria, sobretudo a parte da população periférica que carrega heranças de exploração e segregação e ocupa a maioria dos carteiras das escolas públicas do país.

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