A primeira sexta-feira de março, dia 04, foi ocasião de uma edição especial do “Música em Debate” que abriu  a série de atividades preparadas pelo CFCL com vista à celebração do Dia Internacional da Mulher

Conforme ressaltado logo na abertura do evento pela Diretora Cultural do SINESP Alcina Hatzlhoffer para os cerca de 40 participantes, o Dia Internacional da Mulher, mais do que uma data comemorativa, é um marco simbólico das conquistas e um chamado para a reflexão acerca das lutas sociais e enfrentamentos ainda por vir para todas as mulheres.

Assim, apesar da inegável dimensão de entretenimento do “Música em Debate”, como sempre, o encontro foi atravessado pelas provocações ao pensamento e, nesse sentido, claro, a discussão girou em torno de questões sobre o papel e o lugar da mulher em nossa sociedade.

Participação especial de Hosana Anjos

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Essa edição especial do Música em Debate contou com a participação da jovem cantora Hosana Anjos que, além de nos brindar com sua belíssima voz ao performar diversas canções, discorreu com muita clareza e cuidado a respeito dos temas ligados à mulher presentes nas letras dessas canções.

Em um repertório escolhido por Hosana especialmente para o “Música em Debate”, tivemos desde a apresentação de grandes clássicos como “Maria, Maria”, música de Milton Nascimento que se tornou famosa na voz de Elis Regina, “Corista de rock”, gravada por Rita Lee e sua incrível banda de grande sucesso nos anos 70, o Tutti-Frutti, e “Masculino e feminino”, polêmica música de Pepeu Gomes, até canções um pouco mais recentes como “Desconstruindo Amélia”, lançada por Pitty em 2009, e “Pagu”, música composta por Zélia Duncan e a própria Rita Lee.

Todas essas canções tiveram suas letras analisadas e discutidas pelos professores Marcos e Jean juntamente com a convidada, a qual também justificou a escolha de cada uma delas.

Desafios para as artistas

Em seus comentários, Hosana destacou algumas das dificuldades e desafios que surgem no caminho de uma artista, quer dizer, especificamente de uma mulher que se dedica às artes, como, por exemplo, a presença relativamente pequena de mulheres nesse meio e os diversos tipos de assédio que ocasionalmente surgem dessa convivência com um mundo predominantemente masculino.

Ela também se posicionou com relação à questão das músicas e letras do passado que apresentam conteúdo machista ou sexista. Disse que tais trabalhos não deveriam ser simplesmente rejeitados, mas, na condição de documento histórico, discutidos e utilizados como fonte de aprendizado histórico e como instrumento pedagógico para o futuro.

Mais uma

E, para a sorte de todos e todas que estavam presentes, mesmo depois de cantar essas músicas (e tocá-las em seu violão), Hosana ainda atendeu a pedidos, cantando e tocando, praticamente de improviso, “Chão de giz”, de Zé Ramalho, “I put a spell on you”, clássico dos anos 70 gravado por Nina Simone e Credeence Clearwater Revival, entre outros, “Bohemian Rhapsody”, do Queen, além de Lady Gaga e Ed Sherran. E, claro, o inevitável aconteceu: “toca Raul!”. E, já à noite, ainda ouvimos “Maluco beleza”. Não, ninguém pediu Ed Motta.

Enfim, foi um fim de tarde/início de noite no qual a leveza do entretenimento uniu, de maneira orgânica, reflexões sobre a situação da mulher e a arte. Dificilmente, alguém deixou a tela do seu dispositivo sem a certeza de que a arte nos eleva.

Não é acaso que ela e a cultura tenham como seus inimigos principais aqueles que, do alto da sua desumanidade, são incapazes de qualquer elevação, satisfazendo-se com a morte, o genocídio, a destruição e a desinformação.

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