0
0
0
s2sdefault

No dia 28 de outubro de 2023, mais uma vez em sua história o SINESP defendeu, dessa vez na etapa municipal da CONAE 2024, o concurso público como forma de provimento do cargo de Diretor de Escola, contra a orientação que vem no texto de eleição. 

A discussão é profunda, pois há setores que insistem na eleição, mesmo com largas evidências das distorções que a influência política provoca na eleição e na indicação. A maior parte do país usa a indicação política. Entre os 26 estados e o Distrito Federal, São Paulo é único a adotar apenas o concurso público como forma de seleção de diretores.

Relatório publicado pelo grupo "Dados para um Debate Democrático na Educação (D3E)", entra na discussão com informações importantes. Entre eles o fato de que, no país, 54,9% dos diretores são indicados, e que é comum que prefeitos e secretários nomeiem aliados e correligionários para a função.  

Quanto ao método a usar, a pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e uma das autoras do relatório Lara Simielli considera como ideal um processo misto, que combine concursos com outras formas de acesso já existentes, que reforçe a comprovação de formação e experiência do candidato a diretor de escola. E que depois a formação seja contínua e de qualidade.

 

Leia o texto publicado no UOL Ecoa:

 

Concurso, eleição ou indicação: como selecionar diretores de escola?

Na robusta lista de desafios da educação brasileira, uma questão recebe pouca atenção: a seleção dos diretores escolares. Gerir uma escola exige conhecimentos de administração, finanças, legislação e pedagogia. O cargo pede gente muito qualificada, mas é costumeiramente usado como moeda de troca para interesses pessoais e políticos.

É comum que prefeitos e secretários nomeiem aliados e correligionários para a função. De fato, a nomeação política ainda é o caminho mais usual para a direção: 54,9% dos diretores chegaram lá dessa maneira. A maioria (81%) são mulheres, 56% têm entre 40 e 55 anos, 43% são brancos e 86% possuem 5 anos ou mais de experiência como professor.

É o que aponta um relatório do grupo Dados para um Debate Democrático na Educação (D3E). O estudo utilizou informações do Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb) de 2019 e do Censo Escolar 2020, além de levantamentos realizados por auditores públicos dos Tribunais de Contas Estaduais (TCE).

O cenário é bem conhecido, apesar de ter apresentado mudanças na última década — e para melhor. Uma consulta às secretarias de educação de estados e capitais apontou que a indicação política diminuiu na maioria dos estados brasileiros, prevalecendo apenas na região Norte (48% dos estados e 35% das capitais).

A segunda forma mais prevalente de escolha é alvo de questionamentos: 27% dos diretores foram eleitos pela comunidade. O Supremo Tribunal Federal (STF) já julgou inconstitucional a eleição como método de escolha de diretores por considerar que cargos públicos só podem ser ocupados por meio de concurso público ou nomeação.

Que método usar?

Entre os 26 estados e o Distrito Federal, São Paulo é a única unidade federativa a adotar apenas o concurso público como forma de seleção de diretores. Para Lara Simielli, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e uma das autoras do relatório, embora seja uma forma técnica de se escolher os gestores escolares, o ideal seria um processo misto, que combinasse concursos com outras formas de acesso já existentes: certificação, entrevista ou plano de gestão, por exemplo.

"Por um lado, os concursos enfatizam a importância dos critérios técnicos para o acesso e a permanência no cargo. Por outro, há fragilidades e desafios inerentes ao processo, como o tipo de ênfase do concurso, com pouco enfoque prático, e a dificuldade de se voltar para o cargo original [professor] caso o profissional não se adapte ou não tenha perfil".

Lara afirma que apesar da melhoria nos indicadores sobre a seleção dos diretores, é necessário também atentar para a sua formação. "Além do processo de seleção, sabemos que a forma como cada diretor desempenha suas atividades e o tempo em que fica nessa função são muito importantes para a qualidade da gestão escolar", afirma. "Nesse sentido, o governo, por meio das Secretarias de Educação, tem um papel essencial, por meio da oferta de formação continuada relacionada aos desafios cotidianos dos diretores, assim como o suporte contínuo a eles".

Pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), os diretores escolares precisam ser necessariamente professores de formação, com graduação ou pós em Pedagogia, e receber formação continuada. Na prática, o que se vê ainda é diferente. Embora 88% dos diretores escolares tenham formação superior, apenas 11% participaram de um curso de gestão escolar com pelo menos 80 horas. Só 30% das redes de ensino oferecem algum curso nesse sentido.

"O Brasil ainda precisa avançar na formação de diretores para o cargo de gestor escolar, garantindo que os profissionais que assumem essa função estejam preparados para tal", alerta Lara. "Alguns estados vêm inserindo o curso de gestão como parte do processo seletivo, o que parece ser uma alternativa interessante e que merece ser olhada com atenção".

O relatório encerra apontando recomendações para a melhoria desse cenário, como a integração entre União, estados e municípios, no âmbito do Sistema Nacional de Educação, a adoção de critérios técnicos e democráticos (processos seletivos mistos e com mais de uma etapa), a qualificação dos docentes que desejam se tornar diretores, a definição de um mandato para o cargo, além de políticas de auxílio (financeiras e outras) para as escolas mais carentes.

Segundo pesquisas usadas pelo estudo, o diretor escolar é o segundo fator de maior impacto na formação dos alunos. O primeiro é o professor.

 

Veja a publicação original

https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/rodrigo-ratier/2023/09/13/concurso-eleicao-ou-indicacao-como-selecionar-diretores-de-escola.htm

Acompanhe o site, as redes sociais e o canal do SINESP no WhatsApp

.redes sociais do sinesp facebook  redes sociais do sinesp facebook  redes sociais do sinesp facebook  redes sociais do sinesp facebook  redes sociais do sinesp linktree

JUNTOS SEGUIMOS MAIS FORTES!