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Na quinta-feira, 28 de setembro, os filiados participantes do 26º Congresso tiveram um dia focado na formação profissional, política, social e pessoal.

Três palestras e a conferência final agraciaram os congressistas com conteúdo qualificado sobre o fazer diário da Gestão Educacional e sobre o tratamento das questões raciais, dos povos originários e dos dilemas da sociedade neoliberal e hiperconectada nas unidades escolares.

 

VEJA ABAIXO AS PALESTRAS E A CONFERÊNCIA FINAL:

-Palestra: Importância das relações interpessoais na Gestão Escolar - Profº Drº Paulo Roberto Padilha

O professor não economizou seus conhecimentos de acadêmico e pesquisador na palestra. Também usou generosamente seus dotes de músico, cantor e compositor como instrumentos de expressão.  

Paulo Roberto Padilha falou da relação próxima com Paulo Freire, ex-secretário de educação da cidade de São Paulo e patrono da educação brasileira. O professor também enfatizou a importância de educadores, inclusive em cargos de gestão, conhecerem as histórias dos alunos e se aproximarem deles.

Conflitos são naturais e necessários nas relações humanas interpessoais, dentro e fora da escola, especialmente no dia a dia da gestão escolar, pois nos fazem crescer. O mesmo não se pode dizer em contextos de negação do outro, de intolerância, de violência, preconceito, discriminação, polarizações de todo o tipo e até mesmo de barbárie - situações que reforçam a desigualdade social e cultural e violam os direitos humanos dentro da unidade escolar.

Foi nesse encontro, repleto de reflexões sobre a prática e de música, que o professor apresentou alternativas que possibilitam uma ação mais amorosa e uma escuta mais cuidadosa na gestão democrática da escola, entendida como gestão social do conhecimento, que é interativa, crítica e criativa, a partir de relações humanas “intertransculturais”, visando a uma escola mais alegre, curiosa, aprendente e emancipante.

 

-Palestra: A educação sob a perspectiva dos povos originários - Eliane Potiguara

A professora e ativista indígena trouxe sua trajetória de combatente na luta dos povos originários. Expôs sua história, idêntica à de seu povo no Brasil e, a partir de questões levantadas pelas dirigentes do SINESP que a acompanharam na palestra, abordou inúmeros aspectos da organização e da resistência indígena. Também se posicionou quanto à educação a ser desenvolvida na escola pública para que essa luta seja reconhecida e assumida por todos, como luta do povo brasileiro.

Partindo do tema “A educação sob a perspectiva dos povos originários”, levantou questões fundamentais para reflexão: a educação dos povos originários; a importância da participação indígena na sociedade brasileira; o histórico da situação indígena no passado e a relação com o presente; ancestralidade, identidade indígena e as políticas públicas; os povos indígenas e seus movimentos migratórios, os Indígenas de contexto urbano.

Eliane Potiguara falou sobre um tema de extrema importância para os povos indígenas, o “marco temporal”, aprovado, infelizmente, pela Senado brasileiro nessa semana. A professora condenou com veemência essa legislação e denunciou os males causados por grupos ligados ao agronegócio aos povos originários. Ela denunciou o genocídio que é cometido contra os indígenas desde a chegada dos portugueses ao país, 523 anos atrás, e enfatizou que depois de cinco séculos muitos grupos ainda tentam exterminar seu povo.

 

Palestra: Educação Antirracista e gestão escolar: um compromisso possível? - Profª Drª Vera Rodrigues

Numa palestra emocionante, a professora Vera partiu do conceito de 'letramento racial' para propor um diálogo importante para os Gestores Educacionais. O desafio foi pensar as possibilidades da educação antirracista no âmbito da gestão escolar.

Letramento racial, conceito proposto pela socióloga afro-americana France Winddance Twine, é um processo de reeducação racial, que reúne um conjunto de políticas com o intuito de desconstruir formas de pensar e agir naturalizadas e normalizadas socialmente, em relação a pessoas negras e brancas. A partir dele, são propostas práticas culturais e estratégias empregadas para combater e responder ao racismo antinegro. A professora se baseou nessas ideias para abordar princípios e práticas que promovam uma interface entre uma educação antirracista e a gestão escolar.

Entre um conceito e outro, histórias de vida da professora comoveram e encantaram os congressistas e muitos deles se identificaram nas lutas diárias narradas por Vera Rodrigues.

 

Conferência: Gestão Educacional: A ação que faz a diferença! - Lourdes Atie

Por que é tão importante discutirmos o que significa ser professor? Porque no Brasil são tantas obrigações que os professores e gestores da educação possuem, que perdem a noção da relevância social do seu trabalho, numa sociedade em que estes profissionais não são valorizados.

A partir de uma reflexão sobre a sociedade atual, neoliberal e hiperconectada, suas influências e consequencias nas subjetividades humana, a socióloga Lourdes Atie tratou do significado de ser professor na contemporaneidade pandêmica - seu papel social e educativo, enfatizando o valor da educação pública, cada dia mais em risco.

Focou a reflexão nos desafios de ser gestor neste cenário, abordando uma perspectiva educativa e de liderança sustentável (o que isso significa) no serviço público, com suas múltiplas dificuldades cotidianas, porém sem abrir mão da sua natureza democrática. Como aponta Andy Hargreaves; “mudança na educação é fácil de propor, difícil de se implementar e extraordinariamente difícil de se sustentar.”

 

Congresso teve tradução em Libras

Em respeito e primando pelo maior aproveitamento dos filiados com deficiência auditiva, o 26º Congresso do SINESP foi organizado com tradução em Libras, Língua Brasileira de Sinais.

Os tradutores estavam no palco do auditório em que foram realizadas as conferências e palestras, para contemplar os presentes. O trabalho deles também foi inserido na transmissão ao vivo do evento, disponibilizado nos canais do SINESP no Youtube e no Facebook.

Libras

Plenária final acontece na sexta

O 26º Congresso do SINESP segue na sexta, 29 de setembro, com a plenária final. Será o momento de os congressistas analisarem os resultados dos debates em grupo, realizados na terça-feira.

Dele emanaram propostas de modificações e supressões nas lutas construídas nos 25 Congressos anteriores, além da inclusão de lutas novas. Todas serão analisadas, debatidas e votadas na plenária final do 26º, para comporem o rol de princípios consolidados e de lutas que basearão as ações do Sindicato no próximo período. Após o Congresso, elas serão divulgadas para o conhecimento de todos os filiados.

 

 

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