O debate sobre o uso de tecnologias, como o ensino online, deve ser encarado pelos educadores e seus Sindicatos, que não podem aceitar a novidade como novo normal, nem a imposição de modelos e formatos pelos governos sem discussão, estudo e muita negociação, como está fazendo a SME!

A prefeitura paulistana respondeu às necessidades impostas pela suspensão das aulas, devido à pandemia, com a disponibilização de conteúdo online e envio materiais impressos de apoio às residências.

A rapidez surpreendeu e deixou claro o grau avançado das tratativas entre o governo e as entidades privadas que o assessoram com modelos para mudar a matriz do trabalho nas escolas, com uso de ferramentas como o ensino virtual. Mais um lance na prática antidemocrática, sem escuta e discussão com a Rede e com os sindicatos da categoria adotada pela gestão Bruno Covas.

 

Desigualdade e papel da escola

Muitos estudiosos argumentam em favor de mudanças que levem à superação do modelo de educar datado do século XIX, ainda largamente praticado nas escolas. Defendem a superação como uma necessidade, inclusive com a consideração e a incorporação de tecnologias ao processo educativo.

Outros ponderam que a Introdução do ensino online no ensino público brasileiro precisa ser muito debatido e equacionado, podendo ser inclusive inviável. O principal problema está na desigualdade e nas disparidades que ela enseja.

A desigualdade de renda é gigantesca no Brasil. Dela vem a distância entre grupos sociais e geográficas no acesso à tecnologia.

Equipamentos, banda larga, preparo dos pais e formação para o uso da tecnologia não são democráticos no país. E isso pode aumentar ainda mais a distância entre pessoas e grupos no direito à educação, no caso do uso ainda que parcial do ensino à distância e da educação domiciliar, piorando as disparidades sociais e escolares já presentes na educação brasileira.

Há ainda questões operacionais como o controle da frequência e do conteúdo lecionado, além da eliminação da saudável convivência social com grupos variados e interação com opiniões diferentes proporcionada pelo ambiente escolar, e do afastamento do aluno do contato com posições amplas e diversificadas, entre outras.

Os recursos virtuais podem ser complemento, não substituição da ação educativa presencial na educação básica. Isso deve ser preocupação de todos os educadores, frente as iniciativas de voucherização e ensino domiciliar existentes em nível federal e municipal, que podem estar na raiz das atuais iniciativas, com o poder público atuando no emergencial, de olho no permanente.

 

Combate à privatização

Às condições sociais e econômicas impeditivas dos alunos, e à inconveniente e indesejável destruição do ambiente escolar, somam-se outras barreiras e perigos à normalização do ensino à distância e domiciliar.

O processo de incorporação de tecnologias à educação não pode ficar a cargo exclusivo de governos privatistas, guiados pela força de lobbies empresariais plugadas em oportunidades de negócios na educação, interessados na mercantilização do ensino e nos lucros que daí virão, em lugar da excelência educativa, da qualidade do ensino e do acesso a todos com igualdade.

Em São Paulo o problema é agravado pela antidemocracia do governo. Ele não escuta, não considera, não discute, não negocia, apenas impõe.

É inaceitável! Os Gestores Educacionais e demais educadores que estão dentro das escolas, fazendo a educação pública acontecer e garantindo a qualidade possível, têm muito mais autoridade para propor mudanças que os burocratas do governo, alguns mais leigos que técnicos, outros a serviço dos interesses privatistas ou passivos e subservientes à força dos lobbies.

A educação pública é importante demais para o desenvolvimento da democracia, a eliminação das desigualdades, o acesso à cidadania e a soberania popular! Por isso é preciso se preocupar e não deixar o governo se aproveitar de uma situação excepcional para impor o ensino online como novo normal. A tarefa é de todos os educadores e suas entidades representativa. O SINESP assume a preocupação e a luta!

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