O Prof. Dr. Luiz Carlos de Freitas e o Dr. Gonzalo Vecina Neto debateram com a Supervisora Escolar e Diretora do SINESP Rosalina Miranda o momento atual da pandemia, as questões de saúde envolvidas numa reabertura, o aprendizado nesse período de pandemia e o fechamento do ano letivo.

O SINESP Diálogos é um programa que visa a ampliar a ação do Sindicato, apresentando para discussão e debate temas atuais, relevantes e importantes para a categoria em transmissões ao vivo pelo Youtube e pelo Facebook.

No programa anterior, três gestores da rede e dirigentes do SINESP apresentaram a falta de condições estruturais das escolas para um retorno às aulas.

Levantaram questões já apontadas há mais de uma década pela pesquisa anual que o SINESP realiza para compor o Retrato da Rede.

Questões que os Gestores Educacionais estão relatando ao Secretário Municipal de Educação nas lives das DREs com os Educadores.

●Alguns desses problemas são.

-a precariedade de grande parte dos prédios,

-a insuficiência de verbas para a manutenção e para as tarefas pedagógicas,

-a falta de materiais de consumo e higiene que atingem muitas escolas,

-os problemas com os contratos de limpeza e com a falta de segurança,

-os módulos de profissionais incompletos, com carência em todas as funções,

-a sobrecarga de tarefas enfrentada pelos Gestores,

-a fraca formação oferecida pela SME,

-o atraso tecnológico e a baixa qualidade da internet nas escolas,

-a limitação do apoio pedagógico e administrativo das DREs,

-e, como uma das consequências de tudo isso, o adoecimento crescente dos educadores, física e mentalmente.

Veja o debate no canal do SINESP no youtube:

 

Saúde e currículo

Também no programa anterior, a Drª em microbiologia Natália Pasternak teceu considerações relacionadas às consequências para a saúde de alunos e profissionais da educação de uma reabertura das escolas.

Ela se mostrou impressionada com os relatos sobre os problemas estruturais da RME. E considerou exíguo o prazo para as escolas se prepararem para a reabertura. Para ela, "a minuta do protocolo de volta às aulas foi pensada para uma escola idealizada”, não para a escola pública real em que trabalham e estudam milhões de brasileiros e brasileiras.

Para aprofundar essas questões, o SINESP trouxe para o debate o Dr. Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista, professor assistente da FSP/USP, ex-presidente da Anvisa, ex-secretário municipal de saúde de SP e colunista de saúde do Estadão.

O Dr. Vecina apresentou um quadro sobre o estágio atual da pandemia em São Paulo e a projeção para os próximos meses, com analise das implicações de uma eventual reabertura das escolas para a saúde e a vida dos profissionais e dos alunos da RME, e também para o controle da pandemia. O sanitarista foi enfático: "Nesse momento eu não vejo razão para voltar as aulas. O retorno às aulas é um erro, um risco desnecessário já que temos no horizonte uma vacina".

Segundo ele, são duas frentes de desenvolvimento muito promissoras no Brasil, da AstraZêneca Oxford com a Fiocruz e da Sinovac com o Instituto Butantã, e muito provavelmente em janeiro já teremos 15 milhões de pessoas imunizadas no Brasil. O especialista considera que fazer as crianças saírem de casa para ganhar três meses de aula é muito arriscado, tanto do ponto de vista do risco para a saúde dos adultos que convivem com as crianças, principalmente os idosos e pessoas com comorbidades, quanto pelo risco para as próprias crianças.

"Os prontos socorros infantis estão vazios, operando com 10% a 15% da capacidade, o que comprova que as crianças não estão saindo. E é nesse período do ano que temos mais problemas respiratórios". Do ponto de vista sanitário, o isolamento das crianças tem sido um sucesso. "Eu não corro o risco de por crianças na rua. É isso é por causa das crianças mesmo, não só por causa dos idosos", destaca. E, ainda, adverte o médico, tem a comunidade escolar. "Cerca de 60 milhões de pessoas entre alunos, professores e trabalhadores da Educação ficaram em casa quando as aulas foram suspensas", assinala.

E para debater currículo, avaliação e ano letivo, o Sindicato trouxe as precisas avaliações do Prof. Dr. Luiz Carlos de Freitas, professor aposentado da Faculdade de Educação da UNICAMP, especialista em avaliação educacional, tema que ele desenvolve com profundidade e erudição em seu blog.

O Prof. Freitas respondeu questões sobre a aplicação do currículo e o aprendizado dos alunos da RME nesse período, com o caderno trilha e as aulas à distância que a SME disponibilizou, além do papel dos pais nos estudos das crianças. E fez ponderações sobre as hipóteses para o fechamento do ano letivo. O especialista alerta que nem sempre tudo se resolve com tecnologia e que ensino à distância não é apenas transmissão de informação. Não há interação, parte importante do processo formativo.

Freitas lembra que, no ensino superior, há cursos de EAD com 50% de evasão. E não é por causa de nenhum problema econômico. Ele aponta que, além do acesso, tem que ter uma preparação, uma disciplina para lidar com essas situações novas. "Não tenho nada contra o ensino remoto. O que não pode é contar isso como ano letivo e querer salvar o semestre ou o ano com essas artimanhas improvisadas", frisa.

Os pais precisam saber que se insistirem na educação em casa estarão criando uma Geração Covid, que ficará marcada por esse déficit, desde a educação infantil até níveis mais elevados. "Os pais precisam defender a educação de qualidade para seus filhos e isso só vai acontecer quando a Saúde, de forma independente, autorizar a volta às aulas". Na opinião do professor, há duas saídas sensatas enquanto isso: Cancelar o ano letivo de 2020 ou suspender as avaliações e declarar 2020 e 2021 um único ciclo.

Freitas ressalta ainda que não acredita em avaliação na volta às aulas. "Nossa cabeça meritocrática acha que temos que catalogar as pessoas, mas temos que ter um compromisso com os que mais precisam. Isso se chama solidariedade, os que conseguiram ajudando os que têm mais dificuldade!", sublinha. Para ele, ficou evidente que a educação domiciliar é imprópria. Para construir uma sociedade melhor teremos que lutar por nossas crianças, sobretudo as mais vulneráveis.

 

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Defesa da saúde, da vida e da escola pública

As questões abordadas no SINESP Diálogos de 28 de julho permitirão reflexões e conclusões sobre os desafios que os educadores da Rede Municipal de Ensino terão pela frente.

Desde já o SINESP reafirma a defesa da saúde e da vida dos estudantes e dos trabalhadores da educação acima de todos os interesses, sejam de governos ou empresários, econômicos ou políticos.

Para a Diretoria do Sindicato, não é possível imaginar a reabertura das escolas nas condições precárias em que elas se encontram, enquanto a pandemia estiver ativa e sem que vacina e medicamentos eficazes estejam disponíveis.

O SINESP reafirma também seu compromisso com a luta em defesa dos direitos da categoria, em defesa da carreira e do concurso público como forma de provimento de cargos e com a educação pública e de qualidade!

Nesse sentido se mantém próximo e fiel à sua base, ouvindo e debatendo as demandas, reivindicações e lutas que emergem da realidade vivida nas escolas.

 

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