É inadmissível a reabertura das unidades educacionais diante do agravamento da crise sanitária, destaca documento publicado nesta quarta, dia 27 de janeiro, pelo Conselho de Representantes dos Conselhos de Escola – CRECE, órgão colegiado constituído também pelas famílias e que cumpre importante papel de acompanhamento de políticas públicas na área da educação. 

O aumento significativo do número de contaminados e de mortos pela COVID – 19 no estado de São Paulo preocupa e a Secretaria Municipal de Educação precisa assumir a responsabilidade por este retorno e não transferi-la para as famílias, pontua o CRECE Central.

"São as famílias que mais se preocupam com seus filhos. Elas merecem e precisam ser ouvidas", frisa a Dirigente do SINESP Marcia Simões, também membro do CRECE Central. A gestora destaca ainda o papel fundamental que as famílias tiveram no período da pandemia, acompanhando seus filhos, reinventando seu cotidiano. Protagonismo que se acentua neste momento de curva de contaminação tão alta, inclusive já aparecendo dados de mortes de crianças em decorrência da Covid-19.

A também membro do CRECE Central e dirigente do SINESP, Flordelice Magna Ferreira, assinala que "prova dessa insegurança no retorno presencial foi a baixa adesão dos alunos às atividades de recuperação que foram promovidas nos CEUs durante o mês de janeiro". Kezia Alves, representante do CRECE Central, também vê isso como um alerta. "Já dissemos que não retornaremos sem total segurança. Uma resposta a isso foi o retorno do ensino médio. Os alunos não retornaram. Será que não entendem?"

"Nesse momento não deveríamos estar discutindo a volta às aulas presenciais e sim estratégias para salvar vidas", aponta Kezia. "Está provado que a melhor maneira de controlar o vírus é o distanciamento social visto que não temos vacina suficiente nem para a população contemplada como prioridade no plano de vacinação. A vida de cada pessoa importa. As crianças desenvolvem menos sintomas ou em muitos casos nenhum. Mas uma pequena porcentagem pode vir a óbito e isso é inaceitável. Temos uma morte a cada 6 minutos! A SME precisa respeitar a vida e a opinião dos pais de alunos da rede pública municipal", reivindica a representante do CRECE Central.

O CRECE defende:

:✓ Que a SME mantenha as atividades remotas e por material impresso até o final do 1º semestre;

✓ Que a SME distribua os tablets com chip para acesso à internet a todos os alunos do ensino fundamental;

✓ Que as atividades presenciais sejam retomadas apenas após a vacinação da maioria da população periférica;

✓ Que a SME mantenha o subsídio de alimentação a todos os bebês, crianças, jovens e adultos matriculados;

✓ Que o segundo semestre seja organizado com atividades de recuperação das aprendizagens no contraturno escolar. 

Vidas importam!

>>> Veja aqui a nota original sobre o retono às aulas publicada pelo CRECE CENTRAL no dia 27 de janeiro

>>> Leia a transcrição do documento na íntegra abaixo

REABERTURA DAS UNIDADES EDUCACIONAIS SOMENTE APÓS VACINAÇÃO EM MASSA!

O Conselho de Representantes dos Conselhos de Escola – CRECE, órgão colegiado, de caráter deliberativo, que tem por finalidade o fortalecimento dos Conselhos de Escola e a ampliação do processo democrático nas unidades educacionais e nas diferentes instâncias decisórias, representa os familiares dos milhares de alunos da rede municipal de educação, uma vez que de acordo com a Lei 16.213/15, metade dos representantes é constituída pelo segmento de família (comunidade) e cumpre importante papel de acompanhamento de políticas públicas na área da educação.

Iniciamos o ano de 2021 com o agravamento da crise sanitária com aumento significativo do número de contaminados e de mortos pela COVID – 19. O Estado de São Paulo superou os 51 mil mortos nesta última semana de janeiro e mais de 1,7 milhões de contaminados pelo coronavírus. Na cidade de São Paulo os números também são alarmantes. São cerca de 17 mil mortos e mais de 549 mil pessoas contaminadas pela COVID-19. Em 31/12/20 a cidade de São Paulo registrava 482.500 contaminados e 15.500 mortes. Os números revelam um substancial aumento na quantidade de contaminados e de mortos pela COVID – 19 neste mês de janeiro. De acordo com a página da internet do Governo do Estado de São Paulo, o estado tem a média de UMA pessoa morta por COVID – 19 a cada 6 minutos nestas últimas semanas. Na cidade de São Paulo nos últimos dias a COVID-19 tem vitimado fatalmente mais de 100 pessoas diariamente. Este é o cenário em que nos encontramos e entendemos ser inadmissível a reabertura das unidades educacionais diante desta realidade. Vidas importam!

Estamos em um momento em que a tecnologia será um importante meio de acompanhamento do processo de aprendizagem de nossos bebês, crianças, jovens, adultos e idosos da Rede Municipal de Ensino. Para que de fato aconteça, o papel principal desse atendimento, é o suporte e a orientação que deve partir da escola para com os familiares, porém temos problemas que já começam na acessibilidade dos alunos. Muitos são de famílias carentes e não têm nem aparelhos e internet em casa, que gera o aprofundamento de uma desigualdade que já é imensa. Muitas escolas, em 2020, revelaram que a falta de equipamentos eletrônicos e a falta de acesso à internet foram os principais motivos para a ausência de retorno dos alunos sobre as tarefas, incentivo e apoio das famílias ao ensino remoto. Alguns professores relatam ainda a dificuldade dos alunos para acessar os aparelhos dos pais, seja porque estão fora de casa trabalhando, seja porque os celulares não têm recursos tecnológicos ou conectividade que suportem o recebimento e envio dos conteúdos pedagógicos.

Considerando que a crise sanitária não se arrefeceu, pelo contrário, se agravou neste início do ano, o CRECE Central se posiciona contrário ao retorno às atividades presenciais nas unidades educacionais da rede municipal de educação de São Paulo neste momento, mesmo que parcialmente e por adesão das famílias. A Secretaria Municipal de Educação precisa assumir a responsabilidade por este retorno e não transferi-la para as famílias.

Neste sentido defendemos:

✓ Que a SME mantenha as atividades remotas e por material impresso até o final do 1º semestre;

✓ Que a SME distribua os tablets com chip para acesso à internet a todos os alunos do ensino fundamental;

✓ Que as atividades presenciais sejam retomadas apenas após a vacinação da maioria da população periférica;

✓ Que a SME mantenha o subsídio de alimentação a todos os bebês, crianças, jovens e adultos matriculados;

✓ Que o segundo semestre seja organizado com atividades de recuperação das aprendizagens no contraturno escolar.

Comissão Executiva CRECE Central – 27 de janeiro de 2021.

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