Boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz de 7 de maio mostra que a Covid-19 está atingindo com mais força as camadas jovens da população.
Essa mudança demográfica anula, na discussão da reabertura das escolas, o resultado de outro estudo da Fiocruz, que identificou crianças como mais susceptíveis a se infectar que passar vírus a adultos.
O relatório do Observatório Covid-19 da Fiocruz revela uma clara mudança na incidência de contaminação e internação pela doença. Adultos jovens e de meia-idade passaram a compor a parcela que mais cresce de pacientes em enfermarias e unidades de terapia intensiva.
Vários são os motivos, entre eles a vacinação e a proteção das camadas com mais idade e a circulação dos jovens pela cidade, para trabalho, divertimento e também para estudo, o que os deixa vulneráveis ao vírus.
Crianças também morrem
No entanto, fez mais barulho na mídia outro estudo realizado pelo Laboratório de Pesquisa Clínica em Doenças Febris Agudas do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz.
Nele, os pesquisadores chegaram à conclusão de que crianças têm maior probabilidade de serem infectadas por adultos do que de passarem o vírus adiante.
Os jornalistas afoitos e tendenciosos na discussão sobre o retorno das aulas presenciais se esqueceram de salientar que os dados usados neste estudo se referem a um momento diferente da pandemia, quando não existia a variante P.1, mais transmissível e hoje dominante, as taxas de transmissão eram mais baixas e o distanciamento social também era maior do que agora.
Além disso, ignoraram o alerta dos cientistas envolvidos no estudo para a necessidade de imunização urgente dos profissionais da Educação antes de usar essa informação para querer reabrir escolas.
Também esquecem que mesmo os vacinados podem se infectar e transmitir o vírus, e dos casos que já proliferam de pessoas vacinadas que adoecem, necessitam de internação e morrem devido às novas cepas.
Em recente depoimento na CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta alertou que está chegando o pior capítulo da pandemia no Brasil - justamente por conta desse rejuvenescimento do perfil de internados -, já que o país não dispõe de infraestrutura mínima de UTI infantil, estando abaixo dos padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Circulação e aglomeração pioram a pandemia
A circulação de milhares de pais, crianças e profissionais de Educação durante momentos de descontrole da pandemia como o atual, com altas taxas de transmissão, hospitais lotados e falta de insumos básicos, só coloca em risco desnecessário milhares de famílias e estudantes.
Enquanto a população não estiver devidamente imunizada e as taxas de contágio controladas, abrir escolas só vai agravar a situação, colocar em risco a saúde e a vida e das pessoas e atrasar a contenção da doença e da crise. O momento continua sendo de cuidado máximo!
SINESP, em favor da vida e da saúde das pessoas!
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