A chocante notícia do ataque de um aluno armado com uma faca na Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, que feriu várias pessoas e causou a morte da professora Elisabeth Tenreiro, deixa toda a sociedade consternada. O SINESP expressa enorme pesar pelo assassinato da educadora de 71 anos, solidariza-se com sua família, com toda a comunidade escolar e alerta para a corresponsabilidade do Estado nessa tragédia anunciada.

Aposentada como técnica do Instituto Adolfo Lutz, Elisabeth Tenreiro era uma defensora intransigente das ciências, disciplina que lecionava aos alunos da escola Thomazia Montoro. Professora desde 2015, era incentivadora da vacinação e tinha a educação como uma missão de vida, como relatou a filha da educadora a veículos de comunicação.

A paixão pelas crianças ia além das atividades escolares. Betinha, como era conhecida na escola de Samba Tom Maior, direcionava parte de seu tempo para cuidar da ala infantil da agremiação. 

O assassinato da professora Elisabeth dispara mais um sinal de alerta para a difícil missão dos trabalhadores da Educação em meio a uma realidade cada vez mais excludente, individualista e adoecedora em que vivem todos os cidadãos, que resulta do aumento do ódio e da violência, incentivados como cultura nos últimos tempos, no Brasil e em grande parte do planeta. Mais: evidencia o descaso do Poder Público com a onda crescente de violência que assola as unidades educacionais da cidade e do Estado de São Paulo.

Quando os fatos que antecederam a tragédia da escola Thomazia Montoro vieram à tona, ficou evidente a corresponsabilidade do Estado no crime cometido.

A omissão das autoridades, que fez desse caso uma tragédia anunciada, mostra uma perigosa normalização da violência nas escolas. O Estado ignora, há tempos, as reivindicações da comunidade educacional e diante de fatos gravíssimos, como esse que se abateu em São Paulo, surge com medidas paliativas e anúncios de providências que quase nunca são implementadas de forma efetiva.

O Estado ainda não entendeu, por incompetência ou por má fé, que a comunidade educacional precisa ser ouvida para a implementação de um projeto adequado para a educação e não somente quando fatos graves ocorrem. A contribuição dos educadores é fundamental para que condutas violentas e discursos de ódio sejam combatidos de forma veemente nas unidades educacionais.

Temas como o incentivo à cultura da paz e à gestão democrática nas escolas, com o envolvimento das famílias no dia a dia da educação, se somam a outras necessidades, entre elas o combate às redes de ódio que proliferam na internet, muitas com acesso fácil e atrativo para crianças e jovens, mas o problema vai ainda mais longe.

A realidade das escolas é cada vez mais massacrante para toda a equipe escolar, em grande parte pelo desmonte provocado por governos que têm como horizonte a privatização do ensino, com desvio de verbas públicas para entidades empresariais. Desse desmonte resulta a falta de investimentos de Estado e Município, resultando na precarização das escolas em tantos aspectos, que afeta a segurança física e emocional de quem trabalha e estuda nas Unidades Educacionais.

Sigamos juntos, cobrando o Poder Público em defesa da uma educação de qualidade, democrática e de enfrentamento a todo tipo de violência.

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