O SINESP se solidariza incondicionalmente com as comunidades afetadas, cobra ação efetiva dos Governos e da Vale e suas coligadas, e enfatiza que os novos governantes não podem fechar os olhos para antigas e recorrentes práticas empresariais, nem manter o discurso eleitoral de facilitação da ação empresarial em detrimento do meio ambiente, pois a tragédia e a destruição são seus resultados! A responsabilidade pela vida das pessoas está também nas mãos dos governos e das empresas.
Diante da tragédia anunciada, como a que ocorreu em 25 de janeiro de 2019 em Brumadinho, que repete a de Mariana três anos atrás, o sentimento recorrente no Brasil é de que a vida dos brasileiros não vale nada.
Descaso, irresponsabilidade, falta de fiscalização e de punição, comportamento danoso da empresa, desorganização das instituições na garantia de direitos básicos, e tantos outros motivos são apontados a cada tragédia ocorrida. Até quando? Quantas vezes os brasileiros terão que tremer e serem afligidos por vidas perdidas, por rios e terras devastados?
Irresponsabilidade recorrente
Apenas três anos se passaram do assombroso desastre ambiental em Mariana, na mesma Minas Gerais, e a história se repete com tons claros de tragédia anunciada.
Em 2017 o Relatório de Segurança de Barragens (RSB), divulgado pela Agência Nacional de Águas (ANA), considerou 45 barragens vulneráveis e sob risco de rompimento, com aumento de 80% em relação ao ano anterior.
Ainda assim, em 11 de dezembro de 2018 o Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAN), órgão ligado ao governo mineiro, aprovou a ampliação de duas minas em Brumadinho e Sarzedo, a despeito da resistência das populações impactadas.
Foram autorizadas, em uma mesma reunião, as Licenças Prévia, de Instalação e de Operação. Só nestes dois casos a produção foi ampliada em 88%, e as mineradoras tem aval até 2032 para operar.
O biólogo e dirigente estadual do MAM (Movimento da Soberania Popular na Mineração - http://mamnacional.org.br/), Luiz Paulo de Siqueira, afirmou em entrevistas que “a liberação acelerada de licenças para a ampliação das atividades (e lucro) das mineradoras foi um movimento puxado pela alta no preço dos minerais, em especial do minério de ferro.”
Esse movimento tem conexão com o rompimento da barragem em Brumadinho, uma vez que a Mineradora Vale obteve autorização para crescer sua operação na Mina do Feijão em dezembro de 2018, que pouco mais de um mês depois não suportou a carga e casou a tragédia anunciada, ceifando vidas e destruindo irreversivelmente o meio ambiente.
Segundo o especialista, na ânsia de "aumentar o lucro" aproveitando o "surto econômico da mineração", várias empresas do ramo - entre elas, a Vale - passaram a pressionar o governo estadual para obter rapidamente as autorizações necessárias para crescer as operações.
Preservar e recuperar são princípios sinespianos
O SINESP tem como princípio, aprovado pela categoria em seus Congressos, ”Preservação e recuperação do meio-ambiente, com o objetivo de garantir a vida, com apoio a ações de: coleta seletiva, investimento no transporte coletivo, defesa das Áreas de Proteção Ambiental, áreas de mananciais e áreas verdes, proteção aos animais, bem como a formação dos cidadãos acerca das ações afirmativas para a melhoria da qualidade de vida em nossa cidade”.
Esse princípio está ancorado à certeza de que a Educação tem papel importante para a reflexão e a formação crítica da população.
Nesse sentido, os acontecimentos e práticas cotidianas fazem parte e são Currículo. O SINESP em seu “Observatório do Currículo” apontou isso e enfatiza que precisa estar presente no ambiente educacional.
O ano letivo está prestes a começar, e seu planejamento é o abre alas.
A discussão e o entendimento de currículo, a necessidade de envolvimento da sociedade em sua contínua construção e desenvolvimento de um cidadão crítico, leitor e que reivindica uma sociedade com instituições sérias, que cobrem ação efetiva em todos os momentos para que não se tenham mais Marianas e Brumadinhos, são pontos que estão na ordem do dia.
Os versos visionários do mineiro de Itabira, localizada no chamado quadrilátero ferrífero, Carlos Drummond de Andrade, já sintetizavam momentos como esses.
I
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
(Drummond, 1984)
Arrecadação de doações em São Paulo:
Agências dos Correios
Shopping West Plaza
Santana Parque Shopping
Shopping Taboão
OBS: O recebimento de donativos para as vítimas de Brumadinho/MG foram suspensas por determinação das autoridades locais. Em razão disso, a arrecadação está suspensa temporariamente. Acompanhe as notícias e faça sua doação assim que forem retomadas.