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Do Portal UOL:

É enorme a indignação com a reforma do ensino médio dentro das escolas públicas deste país. A pesquisa "Mudanças curriculares e melhoria do ensino público", financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e com o objetivo de acompanhar a implementação do NEM em sete escolas da rede estadual paulista, capta isso e tem revelado a inviabilidade pedagógica e educacional do novo modelo, aprovado no governo Temer.

No regulamento, os estudantes da rede estadual paulista podem "escolher" entre 11 itinerários formativos vinculados a quatro áreas do conhecimento.

Cada escola deve ofertar no mínimo dois itinerários. Os estudantes que escolhem o itinerário formativo "Corpo, Saúde e Linguagem", por exemplo, perdem aulas de História, Filosofia, Sociologia e Geografia. Já quem opta pelo itinerário formativo "Cultura em Movimento" não tem aulas de Biologia, Química, Física no último ano do ensino médio.

 Com a implementação da reforma, os estudantes perceberam que o abismo entre as escolas públicas e privadas aumentou, visto que as particulares organizam seus itinerários de modo a garantir o estudo da Física, Química, História, Geografia, Filosofia, Artes, Sociologia e Inglês para todos os estudantes.

Por óbvio, as classes médias e elites pagantes de mensalidades compreendem que essas disciplinas são tão importantes para a formação humanística e científica das novas gerações quanto para a aprovação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e nos vestibulares tradicionais.

O Novo Ensino Médio relega aos estudantes de famílias pobres uma formação que o distancia ainda mais da universidade e das profissões de melhor remuneração.

Nas redes públicas, as mudanças estão sendo implementadas sem que as escolas tenham recebido os recursos para as necessárias adequações ao novo currículo. Tampouco houve formação dos professores para que possam ministrar a profusão de novas unidades e componentes curriculares.

Diante da drástica redução das aulas das disciplinas escolares clássicas, muitos professores tiveram que assumir aulas para as quais se sentem (ou para as quais de fato são) despreparados.

Solidários, muitos estudantes estão pedindo que seus professores esqueçam os itinerários e ministrem as aulas das disciplinas para as quais se formaram, pois consideram esses conteúdos mais relevantes do que a pletora de microdisciplinas que ninguém sabe para que servem.

Já é comum ver professores ministrando mais de oito componentes curriculares diferentes, e sendo obrigados (por conta do aumento brutal do volume de trabalho) a reproduzir conteúdos de apostilas rasas e chinfrins elaboradas por institutos e fundações empresariais - os apoiadores de primeira hora da reforma desde o governo de Michel Temer.

Leia a publicação original em https://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2023/03/15/realidade-das-escolas-publicas-impede-execucao-do-novo-ensino-medio.htm

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