O professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) especializado em Segurança Pública Rafael Alcadipani disse em entrevista ao UOL que é “impraticável” colocar detector de metal na porta da escola, e que o desafio, que envolve todos envolvidos, é ver se os jovens estão conseguindo ter condição mental no mundo de hoje.” O coronel da reserva da PM-SP, José Vicente, também afirma que “não é o caso” [de se implementar detectores de metais]. Para ele, isso “atrapalharia terrivelmente o andamento da rotina escolar.”
Veja abaixo a publicação do UOL
Análise: Ataque a escola é o tipo de crime que só vai aumentar com o tempo
O ataque em uma escola de São Paulo que deixou uma pessoa morta e ao menos outras duas feridas é o tipo de crime que só tende a aumentar ao longo do tempo,avalia o professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) especializado em Segurança Pública Rafael Alcadipani, durante participação no UOL News da manhã desta segunda-feira (23).
“A gente precisa ter uma integração maior entre Segurança Pública e as escolas. O último aspecto que precisa ser destacado aqui é que como a pessoa que vai fazer isso dá sinais, é muito importante que haja um programa em que a escola consiga ter interlocução para que, na hora que haja alguma suspeita, comunique imediatamente à polícia.”
“A polícia debela, praticamente, no Brasil todo, ações como essa que estão acontecendo. Esse é o tipo de crime que não vai diminuir, só vai aumentar ao longo do tempo.”
Para ele, é "urgente" investir para que problemas desse tipo não ocorram mais.
“É urgente investir na nossa polícia de investigação, na Polícia Civil, na contratação de mais policiais e nas melhorias tecnológicas. Hoje, a polícia não consegue dar conta de coisas que ela tem para fazer.”
“A investigação criminal é fundamental para esse mundo moderno. É a investigação que vai prevenir que esse tipo de coisa aconteça. Você vai para as regiões da Grande São Paulo, para o interior e capital, falta policial, investigador e delegado. Precisa cuidar muito das nossas polícias, precisa ter uma melhoria nas condições de trabalho do policial militar.”
“Não vai ser só conversa e papo que vai resolver esse problema, a polícia tem que monitorar, essas pessoas precisam ser monitoradas.”
Alcadipani também considera que instalar detectores de metal nas escolas seria "dinheiro jogado no lixo".
“É impraticável [o detector]. Como você coloca o detector de metal na porta de tanta escola para tanta gente? Esse monitoramento praticamente é impossível de ser feito. A gente sabe que depois de passar um tempo, vão ignorar. Vai jogar dinheiro no lixo se for colocar detector de metal.”
“Os principais agentes para entenderem e lidarem com esse problema são o professor conhecer seu aluno, o pai e mãe saber o que se passa com seu filho e esses jovens conseguindo ter condição mental no mundo de hoje.”
Ataques contra escolas
Esse é o 11º ataque em escolas do Brasil em 2023. Pelo menos cinco deles deixaram pessoas mortas.
Na capital paulista, a professora de uma escola estadual foi morta por um estudante de 13 anos no bairro da Vila Sônia, zona oeste da capital. Em Poços de Caldas (MG), um ex-aluno matou um adolescente a facadas. Em Blumenau (SC), o ataque com uma machadinha ocorreu em uma creche e matou quatro crianças entre 5 e 7 anos. Já em Cambé (PR), dois adolescentes morreram.
Em abril, o governo federal anunciou um investimento de R$ 3 bilhões para combater os ataques em escolas. A ideia é que o dinheiro seja revertido em projetos de incentivo à paz nas escolas, de desenvolvimento psicológico, além da infraestrutura.
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