0
0
0
s2sdefault

Medida vale para as faculdades paulistas públicas (USP, Unicamp e Unesp) e já é alvo de críticas; as Licenciaturas também são atingidas

O Conselho Estadual de Educação (CEE) de São Paulo deliberou que, a partir do próximo ano, os cursos de Pedagogia e as Licenciaturas oferecidas pelas instituições estaduais e municipais reservem parte da carga horária para que os alunos “revisem e enriqueçam” os conteúdos do ensino fundamental e do médio. Coordenadores e diretores dessas graduações na USP, Unicamp e Unesp manifestaram preocupação com a nova regra, sob o risco de engessar os projetos político-pedagógicos e ferir a autonomia universitária ao fixar os currículos de seus cursos e programas.

Dentre as novas diretrizes curriculares estabelecidas pelo CEE ficou definido que os cursos de Pedagogia, nos quais são formados docentes para atuar na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental (do 1.º ao 5.º ano), terão de destinadas 600 horas para a revisão dos conteúdos - 18,75% da carga horária de 3,2 mil horas. Para as licenciaturas, que formam professores para atuar nos anos finais do ensino fundamental (do 6.º ao 9.º ano) e médio, serão 200 horas para a revisão dos conteúdos da área ou disciplina em que vão lecionar e estudos da Língua Portuguesa.

A deliberação anterior, de 2014, dizia - sem especificar uma obrigatoriedade de carga horária - que os cursos deveriam ter como objetivo “ampliar e aprofundar conhecimentos relativos a áreas relacionadas ao trabalho pedagógico”.

 

Bernadete Gatti, presidente do Conselho, diz que o conteúdo a ser revisado ficará a cargo dos cursos de graduação. “É importante ter a recuperação. Quando o aluno chega à universidade, esse conteúdo do ensino básico já está distante. Nota-se que alunos de Pedagogia, por exemplo, têm algumas dificuldades com Matemática e eles vão ter de ensinar operações, frações. Conceitos que não estão muito claros na memória”, diz

 

QUESTIONAMENTOS

Uma carta das Comissões Coordenadoras das Licenciaturas e Pedagogia da USP questiona a “naturalização” do CEE com as “fragilidades da educação básica”, com a indicação de que seus cursos devam ter espaço de revisão dos conhecimentos dessa etapa de ensino. “(Para a Pedagogia) são exigidas 600 horas, quase um quinto do curso para revisão. Esse não pode ser o papel de um curso de formação de professores”, afirma Marcos Neira, presidente da Comissão de Graduação da Faculdade de Educação da USP. 

Um novo projeto político-pedagógico para a Pedagogia da USP foi apresentado ao CEE em janeiro e aguarda aprovação. “Essa nova deliberação nos preocupa pelo risco ao nosso projeto, que responde à expectativa do professor que queremos formar e acreditamos que a sociedade almeja”, diz Neira.

“É um descalabro, uma compreensão equivocada e ultrapassada de formação de professores. Não há dicotomia entre os conceitos curriculares da educação básica e o ensino da Pedagogia, eles devem ser aprendidos juntos, como já fazemos. Não dá para estudar alfabetização sem estudar gramática”, diz Dirce Zan, diretora da Faculdade de Educação da Unicamp. O curso de Pedagogia da instituição teve o currículo revisado e aprovado pelo CEE em 2016. 

Em nota, a Pró-Reitoria de Graduação da Unesp disse que as novas normas podem contribuir para a formação docente desde que “não sejam interpretadas como um engessamento da carga horária dos cursos”, mas como oportunidade de aumentar a personalização dos currículos. A universidade disse que nenhum de seus 183 cursos contempla explicitamente revisão de conteúdos da educação básica, mas reconhece que “muitos alunos não têm embasamento suficiente para acompanhar” a graduação e, por isso, oferece monitorias e tutorias como atividades extraclasse.

 

FONTE: Isabela Palhares, O Estado de S. Paulo

Acompanhe o site, as redes sociais e o canal do SINESP no WhatsApp

.redes sociais do sinesp facebook  redes sociais do sinesp facebook  redes sociais do sinesp facebook  redes sociais do sinesp facebook  redes sociais do sinesp linktree

JUNTOS SEGUIMOS MAIS FORTES!