A notícia de que as escolas municipais de São Paulo podem reabrir agora em outubro para atividades presenciais preocupa a comunidade. Reportagem de Matheus Meirelles para a Rádio CBN, veiculada no início da tarde desta segunda-feira, dia 21 de setembro, destaca a insegurança provocada pela falta de estrutura física nas escolas e também a falta de quadros, uma preocupação para o SINESP, gestores escolares e familiares de alunos.  

Em relação aos alunos de 0 a 17 anos, responsabilidade do Município, Estado e rede privada, vamos liberar a partir de 7 de outubro as atividades extracurriculares, disse o prefeito ao anunciar a decisão.

O SINESP, assim como familiares de alunos representados pelo CRECE, recebeu com perplexidade a notícia, e defende a não volta as aulas em 2020. O SINESP tem atuado fortemente na mídia desde março em matérias em diversos veículos da grande Imprensa, como rádios CBN, Trianon, Bandeirantes, portal R7, entre outros, para esclarecer para a população sobre a realidade das escolas da rede municipal e alertar sobre a necessidade de preparação do ponto de vista estrutural e de pessoal - tanto na recomposição dos quadros como no treinamento - antes de se pensar em qualquer retorno.

Mas a Prefeitura, pressionada por empresários das redes particulares, optou por fazer um balão de ensaio em vez de optar por uma reabertura organizada. É uma forma de irmos modulando, verificando quando se dá isso na cidade de São Paulo, para que não tenha que retroceder, afirmou Bruno Covas em coletiva de imprensa no dia 18 de setembro. 

O que o prefeito prefere não levar em conta é que vários países do mundo estão vendo crescer uma segunda onda de contágio - sobretudo em países que reabriram escolas  (veja AQUI). Assim, cresce a desconfiança de que os planos de reabertura em São Paulo não estão considerando nem a vida nem a realidade de cada uma das unidades escolares, o que pode levar a um novo surto da pandemia na cidade. 


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Leia a trascrição da reportagem da CBN na íntegra:

A Prefeitura de São Paulo deve realizar provas de avaliação de estudantes já em outubro. A expectativa é que as provas de diagnóstico comecem a ocorrer entre os dias 7 e 15 do mês que vem. A regulamentação deve ocorrer ainda nesta semana. O objetivo é identificar as dificuldades e a possível defasagem de alunos causadas pelo período de aula remota durante a pandemia de coronavirus.

A partir do dia 7 de outubro, estão autorizadas atividades extracurriculares presenciais e voluntárias nas escolas, porém, diretores das escolas municipais apontam possiveis problemas no retorno de atividades e reclamam da falta de estrutura.

Dirigente do SINESP e diretora de escola na regiâo de Santo Amaro disse que os servidores não estão preparados para o retorno: A rede municipal de São Paulo é muito heterogênea, ela é diversa, nós temos problemas diferentes em cada pedaço das 13 diretorias regionais. Infelizmente, não estamos ainda todos preparados para esse retorno, seja em termos de estrutura fisica da escola, seja em termos de treinamento, inclusive de nós, servidores municipais.

Outro diretor de escola entrevistado pela Rádio CBN afirmou que falta treinamento para o recebimento dos alunos em meio a pandemia. As escolas estão sem funcionários da cozinha e sem funcionários da limpeza. As funcionárias da cozinha foram demitidas em abril, maio, e as da limpeza estão sendo demitidas agora em setembro. Se nós vamos voltar, nós precisávamos desses quadros na escola agora, para treinar esses quadros, para exaustivamente treiná-los para receber e agir numa nova situação, aliás, numa situação para a qual nós não recebemos treinamento ainda.

Outra dirigente do SINESP destacou que nâo foram feitas orientações sobre as adaptações na escola, que fica no Campo Limpo. A unica coisa que é fato é que não temos recursos humanos. Não temos condições estruturais de receber os alunos com o minimo de segurança. Não houve orientação alguma, nenhuma orientação sobre o tipo de adaptações que nós temos que fazer no prédio.

A Prefeitura de São Paulo já havia anunciado que os anos letivos de 2020 e 2021 seriam desenvolvidos de forma mesclada, com aulas no contraturno para promover a recuperação das matérias. A administração municipal, por meio de licitação, vai comprar 465 mil tablets no valor de 300 milhões de reais para que os estudantes possam fazer as atividades nas escolas. Não há previsão para o retorno presencial das aulas regulares. A Prefeitura deve avaliar essa possibilidade só em novembro, após esses testes de outubro.

>>> Ouça reportagem da CBN sobre a possibilidade de reabertura das escolas municipais em outubro

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