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A ideia que crianças e adolescentes são, em sua maioria, assintomáticos e que não ficam com sequelas após contaminação pelo novo coronavírus está ficando distante da realidade atual. 

Mais de 100 crianças já estão indo parar nos hospitais do Reino Unido a cada semana com uma síndrome rara que está aparecendo semanas após a infecção por coronavírus

Conhecida como Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), é um conjunto de reações do sistema imunológico que atinge vários órgãos. A SIM-P já havia aparecido em crianças britânicas durante os primeiros meses da pandemia mas, agora, após um novo aumento recorde dos casos -  inclusive por conta da reabertura das escolas -, voltou a acontecer com maior intensidade.

O retorno às aulas presenciais contribuiu e muito para piorar a situação do país europeu: escolas provocaram três vezes mais surtos de covid-19 do que hospitais.

É o que mostra o relatório do sistema público de saúde do Reino Unido (Leia o documento aqui). Os dados apontam que 26% dos grupos de infecções investigados estavam ligados a creches, escolas primárias e secundárias e universidades. Apenas 8% das infecções foram rastreadas em hospitais na mesma época. 

No Brasil, em Campinas, interior de São Paulo, após meses de isolamento, com a reabertura, duas escolas particulares fecharam dias depois por causa de surtos.

"Isso demonstra que o governo não tem nenhuma certeza sobre o que está fazendo, pressionado pelos interesses da iniciativa privada", aponta o médico especialista em Saúde do Trabalho Sérgio Antonio Martins Carneiro na live promovida nesta segunda, dia 8 de fevereiro, pelos sindicatos de Educação em conjunto, entre eles, o SINESP.

>>> Confira aqui a live conjunta em que Sindicatos da Educação reafirmam a luta em defesa da vida e convocam a greve

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"Não existe nenhum indicador que mostre que estamos melhorando".

Pelo contrário, a situação da pandemia está cada vez pior no Brasil, e nem ao menos é possível saber quanto, já que não há testagem e, com os novos prefeitos, teve um aumento maior de subnotificações.

Ainda, para piorar, é preciso lidar agora com variantes do vírus, cada vez mais agressivas e transmissíveis, que alcançam novos grupos, como o de crianças e adolescentes sem comorbidades. 

O médico informa que variantes do novo coronavírus já foram detectadas em sete países, inclusive no Brasil. Uma das cepas novas no Reino Unido já faz com que mais de 20% dos casos sejam em pessoas jovens e fora do grupo de risco.

A mutação de Manaus, como também é conhecida, é 50% a 74% mais transmissível. Isso para um vírus que já é altamente contagioso. "O vírus está criando chaves para facilitar o contágio e causar mais gravidade e letalidade", sublinha o especialista.

"Isso nos coloca numa situação pior do que estávamos há uns meses atrás", assinala. O controle da pandemia depende de vacinar rapidamente toda a população. "Se isso não acontece com urgência, vai se criando condições para o surgimento de novas cepas, inclusive que podem vir a ser resistentes à vacina", pontua.

Não dá pra saber o que está por vir e abrir as escolas agora é de extrema irresponsabilidade, na visão do médico. "Não há nenhuma condição de retorno e essa proposta não valoriza o trabalho dos profissionais da Educação", ressalta. "Inclusive a declaração que o governo está obrigando os pais a assinar, se isentando da responsabilidade com a volta às aulas, para mim, é um crime".

O médico também chamou a atenção para a necessidade de pressionar para que a contaminação por covid-19, no trabalho presencial, seja considerada acidente de trabalho. 


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